sexta-feira, 15 de março de 2013


Borboletas no estômago!
O telefone toca.
Podia ser uma esperança
Poderia ser aquele

cheque de 100.000 Reais
Deveria ser você.

A cabeça à 360 quilômetros por hora
O peito apertado

E as borboletas não paravam
É hora de vomitar.
Os pés saindo do chão...

Não! Os pés enterrados no asfalto!
Era a cabeça que estava tão longe
Que achava que estava voando.

Mas só as borboletas estavam.


sexta-feira, 8 de março de 2013

Medo da Coragem

Tive medo da minha coragem.
Era solta demais.
Intestino preso; nunca!
Perguntar a procedência, jamais!
Nas estradas, solturas, acampamentos
cada hippie, cada Buda, cada olhar.
De tapiocas e carinhos
De sintéticos, barbitúricos, anestésicos
De loucura, cerveja, cachaça e vinho...
Cada filosofia de mendigo,
Sermão de louco de rua
Palavra de senhorinha em porta de supermercado
Cada criança que fala e nem sabe o que ta falando
Tudo anjo....
Tudo sinal do além
Essas coisas que nos são enviadas e nunca se sabe por quem.
Sei que busco a entrega, mas não sei onde está
Mas quando a vejo nas telas
Fico louca, doida
Choro, pulo da cadeira
E penso..
“quero estar lá”
Nesse tempo infinito
Nesse instante imprimido
Na película ou no celular
Cada foto na parede
Conta minha trajetória, meu lugar
Sei lá onde vou estar nos próximos anos.
Eu só pedi pra você me amar
Só solta esse amor louco
Deixa a vida fluir
Podemos seguir juntos
E depois separar
que mal tem
pegar carona numa história de cinema?

Finzinho de Semana

Noite de sexta -feira
Quase choro
dorzinha ruim de fim
Garganta fechando
tudo apertado
Vértebras comprimidas
Comprimidos na veia
Relaxamento induzido
Penso em cortar os pulsos, mas não suporto sangue
Ligo pra última pessoa que amei e ainda amo
Assisto um filme que me arrebata
Triste pra porra, conceitual, coisa oriental com pegada americana
Ninguém pra comentar
Trocar impressões. Discordar.
Sozinha, Num quartinho
Num beco da vida
Só à conectar amigos virtuais
Postando frases de efeito para obter reações
Desceu, puxou um papo com o porteiro do prédio, que achou tudo muito estranho
Pegou um metrô, Pra qualquer lugar
E viu aqueles olhares tristes de trabalhadores
Voltando pra casa
Mais tristes que seu olhar
Percebeu que sua dor era vã
Deu uma volta, olhou ao redor
E viu que todo mundo era mesmo só.

Meninas

Nossos cabelos misturados no chão.
Quanta lembrança,
Dor, momentos...
Imagens de quando éramos crianças.
Barbies, árvore, pique-esconde
Hoje mulheres.
Na frente de um espelho escolhem roupas, decidem futuros,fazem compras.
No caminho levam tomate, amizade, cebola, manjericão, coentro, confiança.
Caminham juntas pra casa, risadas.
Conselho de amiga
Fazer almoço, tomar uma bebida
Falar de homens, dinheiro, espiritualidade, vida.
Seguem rumos diferentes
Passam por muitas idas, voltas, reencontros, despedidas.
Mantendo o laço que as une...antes de brinquedo hoje imune.
Sentadas no metrô riem de seus destinos
E planejam fantasias de carnaval.

Sinais

Sou tão lida nesses olhos imensos
Tão jovem nas incertezas mundanas
Forte nas pedradas da vida.
Choro, faço birra de menina, mas quando é sério...
Quando é coisa de morte/ desastre/ perda/ queda/ susto/ corte
A mulher emerge da terra, tira criança da boca de jacaré,
tomba ônibus
sobe mesa de refeitório
Enfrenta polícia.
E quando é muito, muito forte, sorri mordendo a mágoa.

Ela (enquanto caminhava)

pensava nesse gosto bom de vida

Com recheio de descoberta

Queria palavras novas,

não mais gastas

palavras grossas

palavras salto

Palavras livres

Frases preenchidas de espírito e pausa.

Mas não tinha tempo de explorar versos

Se perdeu nas horas dos fatos

em beijos/ abraços/ risadas/ momentos

Tão ocupada em degustar a vida, esqueceu de teorizá-la

Catalogou as alegrias em fotos

A Poesia ficou nos copos

nos saltos, ares, areias, lugares

amigos, malas, amor.

Bebeu toda a poética com vodka (e não percebeu)

Acordou vendo lúdico.